Os principais desafios da humanidade aplicados à Gestão Empresarial

Normalmente escrevo sobre técnicas de Gestão empresarial, que acredito serem importantes para dar suporte aos novos empreendedores, já que lá no começo da minha trajetória profissional os textos de aplicabilidade prática me fizeram falta. Costumo colocar no papel o que realmente uso no cotidiano das minhas empresas, mas desta vez surgiu a ideia de um artigo um pouco diferente, mais reflexivo.

Lendo o livro “21 lições para o século 21”, do historiador israelita Yuval Noah Harari, achei muito interessante a parte da obra em que ele fala sobre os “4 C’s”, identificados como os principais desafios que a humanidade irá enfrentar nos tempos modernos: Consciência, Cooperação, Criatividade e Controle. Trazer a visão do autor para o universo do empreendedorismo, traçando um paralelo com a visão empresarial, pareceu-me relevante, já que existe grande similaridade entre os desafios enunciados por Harari e as dores que todos os gestores tendem a enfrentar no comando de seus negócios, principalmente diante de todas as dificuldades vivenciadas no cenário Brasileiro.

Vamos então aos 4 C’s:

Consciência: O autor argumenta que a consciência é fundamental para enfrentar os desafios globais de maneira eficaz. Precisamos estar conscientes das implicações de nossas ações individuais e coletivas, bem como dos efeitos que essas ações têm sobre o meio ambiente, outras espécies e até mesmo sobre nós mesmos. A consciência nos permite refletir sobre nossos valores, prioridades e o impacto que causamos no mundo.

Nos negócios precisamos também estar muito conscientes de todas as nossas ações e decisões, sempre preservando os propósitos e as prioridades que norteiam a organização, sem deixar que as dificuldades do trajeto nos desviem da rota escolhida inicialmente. É nesse sentido, por exemplo, que cada vez mais empresas estão buscando seguir as normas ESG (Environmental, Social And Governance), pois, dentre outras, essa é uma forma de manter a lucratividade sem renunciar aos valores que embasaram a criação do negócio.

Cooperação: Em um mundo cada vez mais interconectado, Harari destaca a importância da cooperação entre indivíduos, comunidades, nações e até mesmo entre humanos e máquinas. A cooperação nos permite enfrentar problemas complexos que ultrapassam as fronteiras e demandam soluções colaborativas. Ele argumenta que, para lidar com desafios como as mudanças climáticas, desigualdades e pandemias, é crucial superar divisões e trabalhar juntos em busca de objetivos comuns.

Da mesma forma, vemos que as empresas de sucesso possuem equipes de alto rendimento, motivadas, que trabalham para levar as organizações a estágios diferentes, onde o “bom” é inimigo do “excelente”. Empresas campeãs têm que primar pelo trabalho em sinergia entre as equipes, entre os diferentes setores, sempre utilizando as melhores tecnologias disponíveis para poder escalar.

Criatividade: Harari ressalta que a criatividade é uma habilidade única dos seres humanos e um dos principais fatores que impulsionaram nosso progresso ao longo da história. No entanto, ele alerta que, com o avanço da automação e da inteligência artificial, a criatividade se tornará ainda mais importante para nos destacarmos e encontrarmos soluções inovadoras. A criatividade permite encontrar novas maneiras de abordar problemas, desenvolver tecnologias transformadoras e explorar novas áreas de conhecimento.

Traçando o nosso paralelo, sem dúvida que uma das principais qualidades que um empreendedor precisa ter é a criatividade, e isso não é apenas nos novos tempos! O que mudou é que as novas tecnologias trouxeram o risco da preguiça e da dependência, que precisa ser driblado e combatido ferozmente. Mas as novas ferramentas podem e devem ser utilizadas para potencializar ainda mais a criatividade inerente ao empreendedor. Esse é o grande desafio: acompanhar a evolução tecnológica, sem perder a criatividade nata, pois esse sempre foi e sempre será o diferencial humano.

Controle: Por fim, o autor de “21 lições para o século 21” levanta a questão do controle. À medida que a tecnologia avança e ganha um papel cada vez mais central em nossas vidas, é crucial que tenhamos controle sobre ela e suas consequências. Ele argumenta que, se não formos cuidadosos, podemos nos tornar reféns de algoritmos e sistemas que influenciam nosso comportamento e tomada de decisões.

Portanto, devemos em nossas organizações estabelecer mecanismos de controle e regulamentação para garantir que a tecnologia sirva para apoiar os nossos interesses como um todo, mas não direcione e nem domine as nossas ações e decisões.

Concluímos essa reflexão com a importante percepção de que 4 C’s de Harari – Consciência, Cooperação, Criatividade e Controle – oferecem uma estrutura conceitual valiosa para abordar os desafios atuais e futuros nos âmbitos pessoal, social e empresarial. Ao cultivarmos a consciência de nossas ações, trabalharmos em conjunto, estimularmos a criatividade e garantirmos o controle sobre a tecnologia, poderemos criar um futuro mais sustentável para a humanidade e para as nossas empresas.

Aurélio Zorzi é empresário, com experiência de 23 anos na área de Gestão. Graduado em Administração pela Universidade Veiga de Almeida, com MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Certificado Black Belt Lean Six Sigma. Pós-graduando em Gestão Comercial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Fonte: Contábeis

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