Desafios de ser multinacional: o que anda preocupando?
Os líderes de empresas globais estão se perguntando: “Qual é o futuro das corporações globais? Precisamos mudar nossas estratégias e estruturas?”. Tais questões surgiram no último relatório da McKinsey sobre risco e resiliência.
O relatório completo foi lançado em julho deste ano e as preocupações são evidentes: como as organizações podem se adaptar para continuar operando em um futuro incerto? Problemas sempre existiram, mas como estão lidando com eles? Para responder essas perguntas é preciso identificar quais são os problemas.
Principais problemas identificados
Empresas globais sempre enfrentaram desafios, mas as tensões geopolíticas estão complicando ainda mais esse cenário. Conflitos, rivalidades entre países e mudanças políticas forçam as empresas a repensar suas operações. Nos cenários de incertezas e com a constante mudança que ocorrem globalmente as estratégias de crescimento que funcionavam antes podem não ser mais eficazes, especialmente com novos riscos como sanções, guerras comerciais e mudanças nas políticas governamentais. A agilidade com que as empresas respondem e estratégico para enfrentar esses desafios.
“O aumento da instabilidade geopolítica é uma das principais preocupações dos líderes empresariais globais.” McKinsey & Company. (07/2024)
Sim. O relatório aponta a queda na cooperação global em áreas de paz e segurança, além de um enfraquecimento em outras áreas. Em 2024, mais de 60 países, representando quase 50% da população mundial, terão eleições, aumentando a incerteza geopolítica. Desde 2020, a paz e segurança entre as nações diminuíram drasticamente, o que preocupa os líderes globais.
Pontos-Chave:
Declínio da Cooperação Global
Enfraquecimento em Outras Áreas de Cooperação
Eleições Globais
Instabilidade Geopolítica
Essas preocupações fazem sentido?
O mundo está mais instável do que nunca. Em 2023, havia 183 conflitos ativos, um aumento de 28% em eventos violentos e 14% em mortes em comparação ao ano anterior.
“Até que ponto minha organização pode continuar global e a que custo?”
Errar nessa questão pode ser caro, no entanto o relatório não foca apenas nos problemas; ele também sugere maneiras de mitigar esses riscos, oferecendo caminhos para promover o crescimento e manter uma vantagem competitiva adotando uma abordagem sistemática para construir resiliência geopolítica.
Segmentação estrutural: um novo caminho?
Uma estratégia emergente bastante citada é a segmentação estrutural. Essa estratégia visa mitigar riscos geopolíticos e promover o crescimento por meio de uma abordagem de redistribuição de suas operações globais para garantir que a produção e o fornecimento não sejam interrompidos por tensões regionais. Veja abaixo as possibilidades de ação:
Segmentação Estrutural: Localizar atividades em diferentes regiões para mitigar riscos e tomar decisões mais informadas localmente.
Reconfiguração das cadeias de suprimentos: Diversificar as cadeias de suprimentos para reduzir a dependência de uma única região.
Desenvolvimento de P&D: Estabelecer esforços de Pesquisa e Desenvolvimento em diferentes mercados para acessar talentos locais e criar produtos específicos.
Gestão de tecnologia e dados: Revisitar a gestão de tecnologias globais, separando dados sensíveis de mercados de alto risco.
Estrutura Legal: Criar unidades locais autônomas para navegar no cenário geopolítico, mantendo o controle global.
Seria possível que a globalização está chegando ao fim?
A ideia de um mundo totalmente globalizado está sendo repensada. Com mudanças nos contextos jurídicos, econômicos, políticos e sociais, as empresas multinacionais estão se adaptando, segmentando suas operações para garantir que continuem operando mesmo se for em uma região que foi afetada. Pensar em estratégias para minizar futuros problemas.
Crescimento global e estratégia local funciona?
Empresas que adotam a segmentação estrutural não apenas reduzem riscos, mas também ganham uma vantagem competitiva. Por exemplo, ter centros de Pesquisa e Desenvolvimento em diferentes países permite criar produtos mais alinhados com as preferências locais, fortalecendo tanto a presença global quanto a relevância local.
Como funciona na prática?
Se uma empresa de tecnologia abrir centros de desenvolvimento em vários países, poderá criar produtos que atendam melhor às necessidades dos clientes locais. Isso fortalece o crescimento nesses mercados específicos, mesmo diante de desafios como mudanças nas leis ou conflitos entre países.
Estratégia Dual: decisões locais com controle global
Nesta estratégia, as decisões são tomadas localmente, enquanto o controle permanece com a empresa-mãe global. Isso permite que a empresa se adapte melhor aos mercados locais, mantendo os benefícios de ser uma entidade global.
Pessoas e Cultura: o equilíbrio entre o global e o local
Gerir uma empresa global é mais complexo do que administrar um único escritório obviamente. Manter uma conexão global e uma cultura corporativa coesa, ao mesmo tempo em que se ajustam políticas regionais, é essencial para garantir segurança e conformidade. Encontrar o equilíbrio certo é fundamental para garantir equipes engajadas. As empresas devem preservar os princípios de conectividade global e cultura única, enquanto implementam programas sólidos de gestão de riscos. É importante também tranquilizar funcionários e clientes sobre como a empresa está gerindo esses desafios.
Conectividade Global: a chave para reter talentos
Manter uma sensação de conectividade global é essencial, não apenas para fortalecer a cultura da empresa, mas também para reter talentos. O equilíbrio entre segmentação para segurança e agilidade, e conectividade para unidade e força, é fundamental.
Por que a integração é importante?
Uma pesquisa anterior da McKinsey revelou que empresas integradas e coesas têm 2,3 vezes mais chances de estar entre as melhores em termos de saúde organizacional e desempenho. Isso mostra que organizações saudáveis e unidas tendem a lidar melhor com crises externas.
Adaptação e flexibilidade nas estratégias
O relatório aponta que as empresas geralmente escolhem entre reafirmar uma estratégia global única ou adotar a segmentação estrutural, guiando suas decisões a partir dessa escolha. Empresas com poucos ativos podem manter uma abordagem global, enquanto aquelas que exigem mais capital estão optando por segmentar suas operações para se manterem ágeis em um mundo instável.
Essas questões são discutidas em detalhes no relatório da McKinsey que serve de base para este artigo.
Fonte: Contábeis