Turnaround: estratégia empresarial ganha destaque em tempos de crise
A recuperação judicial foi amplamente utilizada pelas empresas em 2024 como solução para enfrentar crises. Segundo dados da Serasa Experian, mais de 2 mil recuperações judiciais foram requeridas no período. No entanto, outra estratégia empresarial vem chamando a atenção no mercado: o turnaround.
Lucca Mendes, mestre em liderança de escritórios de advocacia e especialista em gestão de negócios, explica as principais diferenças entre recuperação judicial e turnaround.
“No caso da recuperação judicial, estamos falando de algo que exige a atuação do Poder Judiciário, ou seja, a empresa precisa de um deferimento judicial para o plano de recuperação. Essa modalidade, instituída pela Lei 11.101/2005, tem como objetivo evitar a falência da organização. Já o turnaround tem uma abordagem completamente diferente, pois não envolve o Judiciário. Ele é voltado para a identificação e solução das causas da crise de forma estratégica. O foco é encontrar a raiz do problema, seja ele financeiro, operacional ou até relacionado à comunicação com o mercado”, afirma.
O especialista explica que, na recuperação judicial, a empresa precisa elaborar um plano que, além de ser aprovado judicialmente, deve contar com a anuência dos credores. Já o turnaround é um processo interno em que a organização revisita suas estratégias para superar dificuldades financeiras e reposicionar-se no mercado.
Mendes destaca que muitas empresas começam tentando um turnaround, revisitando sua estratégia, e recorrem à recuperação judicial em último caso.
“No caso do turnaround, ele representa justamente esse momento de revisão e ação dentro de quatro grandes eixos de gestão: perspectiva financeira, mercado e clientes, processos internos e pessoas.”
Segundo o Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, os pedidos de recuperação judicial em outubro de 2024 registraram um aumento de 37,7% em relação ao mesmo mês de 2023. As “Micro e Pequenas Empresas” lideraram as requisições (39), seguidas pelas “Grandes Empresas” (23).
Lucca Mendes ressalta que o turnaround pode beneficiar empresas de todos os portes.
“Muitas pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades para honrar compromissos de curto prazo. Nesse caso, podem adotar mudanças como alongar prazos médios de pagamento e antecipar prazos médios de recebimento, buscando equilíbrio financeiro sem precisar recorrer a medidas mais drásticas como a recuperação judicial”, conclui.
Fonte: Contábeis