Redução da Selic barateia pouco crédito e prestações
A decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic, os juros básicos da economia, para 12,25% ao ano, nesta quarta-feira (1º), terá um efeito limitado na redução dos custos do crédito e das prestações, de acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Isso se deve ao fato de que o impacto na ponta final será atenuado devido à grande disparidade entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, resultando em um efeito modesto para os tomadores de novos empréstimos.
Segundo a Anefac, a taxa média de juros para pessoas físicas passará de 123,71% para 122,71% ao ano, enquanto para pessoas jurídicas, a taxa média cairá de 59,98% para 59,24% ao ano. A taxa Selic foi reduzida de 12,75% para 12,25% ao ano.
Para ilustrar, no financiamento de uma geladeira no valor de R$ 1,5 mil em 12 parcelas, o comprador pagará R$ 0,39 a menos por prestação e, ao final, terá economizado R$ 4,64 com a nova taxa Selic. No caso de um cliente que utiliza o cheque especial com R$ 1 mil por 20 dias, a economia será de R$ 0,27.
Já em um cenário de utilização de R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, o cliente gastará R$ 1,20 a menos. Em um empréstimo pessoal de R$ 5 mil a ser pago em 12 meses, cada prestação será R$ 1,24 mais barata, resultando em uma economia de R$ 14,85 no total após a quitação da última parcela.
No caso de um empréstimo de R$ 3 mil a ser pago em 12 meses em uma financeira, cada prestação sairá R$ 0,81 mais barata, com uma economia total de R$ 9,69. No financiamento de um veículo no valor de R$ 40 mil em 60 meses, o comprador pagará R$ 11,23 a menos por parcela e economizará R$ 673,51 no total da operação.
Quanto às pessoas jurídicas, as empresas terão uma redução de R$ 62,55 no custo de um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil por 90 dias, R$ 24,92 a menos no desconto de R$ 20 mil em duplicatas por 90 dias e uma economia de R$ 2,67 ao usar uma conta garantida no valor de R$ 10 mil por 20 dias.
Poupança
A Anefac também realizou simulações para avaliar o impacto da nova taxa Selic nos rendimentos da poupança. Com a taxa de 12,25% ao ano, a caderneta de poupança se mostra mais rentável do que os fundos de investimento somente em cenários específicos, especialmente quando o prazo de aplicação é curto e a taxa de administração cobrada pelos fundos é elevada.
De acordo com as simulações, a poupança supera os fundos em apenas três situações:
Quando o investidor aplica em fundos com taxa de administração de 3% ao ano.
Em aplicações de até um ano em fundos com taxa de administração de 2,5% ao ano.
Em aplicações de até seis meses em fundos com taxa de administração de 2% ao ano.
Em comparação com fundos que cobram uma taxa de administração de 2,5% ao ano, a poupança oferece o mesmo rendimento para períodos de investimento entre um e dois anos.
É importante notar que essa vantagem dos fundos ocorre mesmo considerando a cobrança de Imposto de Renda e de taxa de administração. Isso acontece porque a poupança, embora seja isenta de tributação, rende apenas 6,17% ao ano (0,5% ao mês), acrescido da Taxa Referencial (TR), a qual aumenta quando a taxa Selic sobe. Esse rendimento da poupança é aplicado quando a Selic se mantém acima de 8,5% ao ano, uma condição que está em vigor desde dezembro de 2021.
Fonte: Jornal Contábil