A nova estratégia industrial do Brasil

Em outro artigo, neste espaço, já falamos sobre um contexto global, no qual políticas industriais ganham destaque, em que há uma tendência crescente — em países como os Estados Unidos — de investimentos maciços em subsídios e empréstimos para atrair fábricas de semicondutores para o Arizona, enquanto a China subsidia a produção de veículos elétricos. Essas ações, muitas vezes motivadas por questões geopolíticas, destacam a importância de uma resposta estratégica por parte de outros países, como o Brasil.

Embora produzir semicondutores no Arizona possa ser mais caro do que em Taiwan, a ameaça representada pela China torna esse investimento um custo necessário para o país norte-americano. Nesse sentido, a adoção de políticas industriais se torna estratégia essencial para competir efetivamente no cenário internacional.

No entanto, para que o Brasil possa adotar uma política eficaz do gênero, é importante analisar o panorama macroeconômico nacional. Com Juros reais acima de 5%, infraestrutura precária e obstáculos no ambiente de negócios, simplesmente subsidiar empréstimos e oferecer créditos tributários não será suficiente. O governo deve implementar medidas que promovam cortes de gastos, reduzam as taxas de juros e melhorem a infraestrutura, em parceria com o setor privado.

Além disso, é fundamental reavaliar os subsídios existentes para a Indústria, eliminando aqueles que não demonstrem resultados significativos. Isso abrirá espaço para políticas mais estruturadas, com objetivos de longo prazo e abordagem mais focada. A falta de um direcionamento claro tem sido característica comum das políticas de incentivo no Brasil, o que torna fundamental o estabelecimento de um plano de ação coeso e orientado para o futuro.

Outro aspecto relevante é a necessidade de uma política clara de abertura comercial, facilitando a importação de bens de capital e de consumo do exterior. Tarifas elevadas de importação apenas beneficiam a indústria nacional de forma temporária, enquanto dificultam o acesso a tecnologias avançadas. A compra de equipamentos internacionais é imperativo à modernização da indústria nacional — bem como para que esta se mantenha competitiva no mercado global.

Por fim, é primordial o estabelecimento de um programa de longo prazo para a Indústria inspirado nos exemplos de sucesso observados na China e na Coreia do Sul. Esse projeto deve definir metas claras de desempenho, produtividade e exportação, superando os simples subsídios e empréstimos para criar uma estratégia abrangente e bem definida. Política industrial não se resume a medidas pontuais de proteção, mas a um planejamento estratégico com objetivos bem delineados.

Diante disso, é evidente que os programas industriais brasileiros dos últimos anos têm falhado em alcançar o sucesso esperado. Repetir os mesmos métodos sem obter resultados diferentes não é eficaz. É preciso um novo enfoque orientado para a eficiência, a competitividade e o desenvolvimento sustentável.

Fonte: Contábeis

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